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PERDER BEM por Filipe Nunes Vicente

10.05.22

 

Violência doméstica my ass. O que se passa nas casas portuguesas é violência pura e simples. Algum zé-das véstias se lembraria de falar em violação doméstica ou assassínio doméstico? 

Nos casos portugueses, segundo o pequeno arquivo informal que tenho recolhido, o motivo  mais vezes referido  para justificar o assassínio da mulher é  a recusa da separação ou do divórcio. Como todos sabemos  isto é falso.  Na esmagadora maioria desses casos  a violência foi prévia à separação. Numa lógica intratável o assassínio  é  a última e coerente etapa.
A mudança ainda vai a meio caminho. Pergunto-lhes muitas vezes por que motivo não reagiram à primeira bofetada. Respondem baixando o olhar que foi só uma bofetada. É o que se chama reforço positivo: bato-te mas depois abres as pernas.
Ora a violência inaugural é isso mesmo: uma inauguração. No cérebro deles começa a formar-se uma perigosa associação. Podem bater-lhes  porque sim ( um juizo hegeliano da força como critério de correcção) e tudo fica na mesma. É preciso vegetar nas teorias pacóvias da perversa influência social sobre a bondade humana ( não culpar Rousseau que apenas disse que o homem  tinha a capacidade de se tornar melhor se erigisse melhores  sociedades) para não entender isto.
Pior ainda: quanto mais lhe batem menos gostam delas. Não se deixem enganar pelo "não sei viver sem ti" Leiam antes: "só sei viver se te puder fazer a ti o que não posso fazer à colega de trabalho das pernas boas".

 

 

 

 

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