05.10.22
Não sei qual é a minha zona de conforto.
Zona de conforto. Encontrava este termo em jornais e artigos americanos. Nunca imaginei que viesse a ser usado no país da nêspera ( deitada muito calada a ver o que acontecia) do Mário-Henrique Leiria e com tantos mexilhões.
Deixemos os jornalistas de negócios. Podemos ver a coisa como um artefacto contrafóbico. Do grego zone - cinto, faixa, cintura - para o zona latino aplicado à geografia. Um jovem oficial está sitiado em Sebastopol, Crimeia, Inverno de 1855. Nicolai Petrovich é o protagonista de O Desbaste do Bosque. Nas vésperas de mais uma batalha ouve os acordes de Lisanka e de uma polka, Katienka. Umas taças de chijir ( vinho não fermentado), enrolado na peliça, o gorro enfiado até aos olhos, dormiu com esse sono especial forte e pesado que se tem nos momentos de inquietação e de preocupação perante o perigo. E pronto, temos o Tolstoi ( que esteve em Sebastopol) a definir a coisa muito bem.
Duvido que o mexilhão se sinta muito confortável no mar de Moledo e desconfio ainda mais que a nêspera do Mário tenha apreciado o que a velha lhe fez. A zona de conforto é o anti-destino.