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PERDER BEM por Filipe Nunes Vicente

21.03.22

Existe  a clássica ( entre Cila e Caríbdis)  e as da  língua inglesa, menos dramáticas e que não envolvem espadas. Por exemplo: between the rock and the hard place.

O tempo e resistência são as categorias maiores. Viradas para a sobrevivência à perda, dediquei-lhes um livrito ( Educação para a morte, Bertrand 2008) que me saiu do pêlo literalmente, mas isso são outros matos. São categorias gerais. Uma ruptura amorosa, a bancarrota, uma encomenda do diabo ao pâncreas, enfim, todo o mato de erva-de-elefante acoita testes à forma como as combinamos.

No outro dia  dizia a uma mulher ocupada com um teste de peso que quanto mais difícil é a exigência mais possibilidades temos de cortar orelhas  e sair em ombros. Naturalmente achou-me tolo. Mais ou menos. O que lhe quis transmitir-lhe é que quanto pior é o desafio mais possibilidades temos de dar o máximo.
O instinto de sobrevivência é uma droga poderosa. Se já estiveram em situações destas terão dado  conta que tudo parece acontecer em câmara lenta.  É como se quiséssemos apreender tudo, retalhar as fracções de tempo, cavar a trincheira com esmero para não nos escapar nenhuma alternativa. Por outro lado, diante de um ataque leonino o Péricles dentro da nossa  cabeça mobiliza o povo todo.
Mesmo que sejas dado à melancolia fatalista, se estiveres entre a espada e a parede há sempre a esperança ( deixem-me brincar um bocadito)  que ganhes tino: se queres continuar a viver a bela melancolia apoia-te na parede e salta sobre a espada.

 

 

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