10.05.22
Violência doméstica my ass. O que se passa nas casas portuguesas é violência pura e simples. Algum zé-das véstias se lembraria de falar em violação doméstica ou assassínio doméstico?
Nos casos portugueses, segundo o pequeno arquivo informal que tenho recolhido, o motivo mais vezes referido para justificar o assassínio da mulher é a recusa da separação ou do divórcio. Como todos sabemos isto é falso. Na esmagadora maioria desses casos a violência foi prévia à separação. Numa lógica intratável o assassínio é a última e coerente etapa.
A mudança ainda vai a meio caminho. Pergunto-lhes muitas vezes por que motivo não reagiram à primeira bofetada. Respondem baixando o olhar que foi só uma bofetada. É o que se chama reforço positivo: bato-te mas depois abres as pernas.
Ora a violência inaugural é isso mesmo: uma inauguração. No cérebro deles começa a formar-se uma perigosa associação. Podem bater-lhes porque sim ( um juizo hegeliano da força como critério de correcção) e tudo fica na mesma. É preciso vegetar nas teorias pacóvias da perversa influência social sobre a bondade humana ( não culpar Rousseau que apenas disse que o homem tinha a capacidade de se tornar melhor se erigisse melhores sociedades) para não entender isto.
Pior ainda: quanto mais lhe batem menos gostam delas. Não se deixem enganar pelo "não sei viver sem ti" Leiam antes: "só sei viver se te puder fazer a ti o que não posso fazer à colega de trabalho das pernas boas".