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PERDER BEM por Filipe Nunes Vicente

05.07.22

Ela anda pelos trinta e tal, é auxiliar de acção médica, ele tem mais ou menos a mesma idade, é professor do secundário. Conheceram-se, tourearam-se - chicuelinas para aqui, muletazos para acolá -  e começaram a namorar. Até aqui  tudo vulgar. A página tantas ele fala-me de um amigo, personagem habitual nas nossas conversas:  um tipo porreiro, generoso, marxista moderno versão Zizek, radical e coiso. Ora que lhe disse este amigo? Que estava preocupado porque entendia que havia uma grande diferença cultural entre o amigo e a nova namorada. Ri-me e disse-lhe  para não se preocupar e não ligar ao snobismo ( intelectual) de strata do pessoal da luta de classes. Ainda assim vale a pena um par de notas.

As diferenças intelectuais  e/ou culturais são importantes nas relações? Nunca reparei. As de peso e tamanho podem ser : por exemplo em certas actividades ou na escolha do automóvel comum. As relativas à alimentação idem. Um tipo que só coma farelo de quinoa e creme de quiabos tarde ou cedo perde a moça para um gajo ( ou gaja) que saiba fazer um sequinho de borrego à moda do Alandroal.

Existe no entanto uma diferença que pode fazer a diferença: a de feitios. Uma tipa generosa, calma e sociável não vai a banhos com um gajo irritável, egoísta e anti-social. Enfim...há excepções. Conheço um gajo com sorte: é psicólogo, kickboxer alternativo e tem a mania que escreve umas coisas.

 

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