Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

PERDER BEM por Filipe Nunes Vicente

09.07.22

Como pode um humano normal saber em Fevereiro ( por vezes até mais cedo) que em Agosto precisará de férias? E pior: saber onde, durante quanto tempo e  com quem?  Imaginem a Alexandra a precisar com afinco de umas férias sexuais do Bruno Rafael. Vai a um site e programa daí a seis meses uma semana na Quarteira com o Jojó ( ou com  a Nini) do pilates? Disparate.

O que temos é a falsa  abundância espectacular  própria da dinâmica do capitalismo. As praias, os apartamentos, as ementas dos restaurantes ( as saladas frescas) , a publicidade aos telemóveis ( a selfie de Verão) , as bebidas refrescantes, os festivais da juventude ( que já não existe). São as coisas que reinam e são jovens porque se perseguem e se substituem a elas mesmas, como bem explicou Debord.

O tempo e o espaço programado das férias são vendidos como uma ocasião única e  especial. Não são mais do que o descanso entre turnos do bombeiro ou do enfermeiro. É esta unidade da miséria que se esconde debaixo das oposições espectaculares, ou seja, da oposição entre trabalho e férias: é tudo trabalho.

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub