09.07.22
Como pode um humano normal saber em Fevereiro ( por vezes até mais cedo) que em Agosto precisará de férias? E pior: saber onde, durante quanto tempo e com quem? Imaginem a Alexandra a precisar com afinco de umas férias sexuais do Bruno Rafael. Vai a um site e programa daí a seis meses uma semana na Quarteira com o Jojó ( ou com a Nini) do pilates? Disparate.
O que temos é a falsa abundância espectacular própria da dinâmica do capitalismo. As praias, os apartamentos, as ementas dos restaurantes ( as saladas frescas) , a publicidade aos telemóveis ( a selfie de Verão) , as bebidas refrescantes, os festivais da juventude ( que já não existe). São as coisas que reinam e são jovens porque se perseguem e se substituem a elas mesmas, como bem explicou Debord.
O tempo e o espaço programado das férias são vendidos como uma ocasião única e especial. Não são mais do que o descanso entre turnos do bombeiro ou do enfermeiro. É esta unidade da miséria que se esconde debaixo das oposições espectaculares, ou seja, da oposição entre trabalho e férias: é tudo trabalho.