07.09.22
Às vezes nas terapias proponho uma coisa ( uma mudança comportamental, uma interpretação etc). A pessoa contesta, discutimos e digo-lhe então está bem, faz/analisa como entendes, tens razão. A pessoa fica desconcertada e bem: para fazer/pensar como quer não precisava de pagar uma sessão.
Existem variantes. Conheço uma pessoa que inventa coisas sobre o passado dos outros. Nas discussões apresenta as invenções como factos. Conheci outra que me dizia sempre "ora bem vejo que estamos aqui a chegar a um consenso" o que impedia qualquer debate. E há esta:
Tenho de ter sempre razão. Percebe... nas discussões e assim. Isto às vezes é cansativo, mas fico desconsolada se não acontece.
Respondi-lhe assim:
Percebo a necessidade, é normal, mas interessa-me esse desconsolo. Não ter razão sobre uma coisa implica apenas a coisa. Ou porque não a sabíamos ou porque dela estávamos distraídos. As coisas não sofrem, logo não se desconsolam.
Ora bem, apesar disto tu ficas desconsolada. Curioso, é como se tu fosses as coisas sobre as quais discutes. É como se tomasses as dores de uma data, do nome de um autor, de um número. É desconsolante.