12.07.22
Nestes tempos de igualdade a confusão instalou-se. Festival de cinema da Figueira da Foz, 1979 por aí. Um jovem do Expresso, Miguel Esteves Cardoso, bebâdo à porta do Caçarola 2 ( mesmo em frente ao Casino) crismava Eduardo Prado Coelho de croquete literário. Assisti eu. EPC usava a expressão confundir o género humano com o Manuel Germano. É uma boa entrada.
A igualdade, e bem, aplica-se aos direitos. As mulheres ( nem todas, eu sei) não são iguais aos homens. Não falemos de coisas evidentes. Falemos de uma qualidade que ao fim de trinta anos continua a espantar-me no gabinete. É difícil de traduzir, por isso serei breve. Quando a coisa aperta - divórcios, crises familiares, mortes, o quotidiano carunchoso - elas exibem uma preocupação. O que me vem sempre à cabeça é o Falcão no Mundial de Espanha 82. Os ingleses têm aquela definição de corte: grace under pressure.
Do que falo? De uma alienígena capacidade de nos momentos de grande aperto manter a unidade do regimento, dos animais, das flores, das crianças, dos velhos. Não é generosidade feminina, essa sim uma classificação machista, é outra coisa: uma superior inteligência de distinguir o essencial. O género humano do Manuel Germano.