17.07.22
Eu queria era ser dono de um bar-discoteca. Tinha tudo o que era necessário, não tinha nada do que era exigido para outra ocupação. O proto-negócio, por alturas de 92/93, chegou a estar apalavrado: um rés-do chão com vista para ao muro da penitenciária de Coimbra. O meu sócio era ( e é) um grande amigo meu, hoje abogado business em Lisboa. Enfim, fiquei psi e hoje nem na praia, como um velho detective, consigo despir a pele.
Estou pouco tempo. Chego, corro, nado, seco-me e vou para a esplanada ler à sombra e beber um fino. Coisa para uma hora mais ou menos. Ainda assim inspecciono a savana e existem espécies que me fascinam sempre.
Um guarda-sol e um pára-vento, lancheira. Ele, um hipópotamo, está deitado de bruços, por vezes meio vestido, a roncar. Ela, uma lagarta das pedras, besuntada com qualquer coisa acastanhada repousa numa cadeira, pernas abertas e olhos fechados. Assim conseguem estar, imóveis e concentrados.Por vezes uma ou outra cria ranhosa atarefa-se com um balde e uma pá.
Outros animais dignos de observação. Pequena manada, machos e fêmeas, a composição varia entre três a seis indivíduos, à beira-mar. Estão horas nisto. Palram tanto que até as conchas mortas e vazias se afastam. Não fazem mais nada. Imagino-os a combinar a mesma reunião para o dia seguinte.