12.08.22
Sou um maníaco de biografias. As mais antigas as de Suetónio sobre malucos romanos, a mais recente a de um orgão, o Conselho da Revolução, uma cena bem esgalhada pela Maria Inácia Rezola / David Castaño. Era a mais recente porque levei para a tortura da praia a do Cardoso Pires, autor Bruno Vieira Amaral. De escritores tenho poucas, prefiro as correspondências ( Unamuno/Pascoaes e H.Hesse /Thomas Mann são do lombinho).
Comecei então a ler o livro do BVA em posição de combate ( só um pé atrás, joelhos flectidos). À medida que as páginas corriam tirei as luvas, peguei numa toalha e numa água e sentei-me nos pequenos degraus de acesso ao ringue. Como nas melhores das melhores que tenho sobre políticos, a história de Cardoso Pires consegue isso mesmo: pôr-nos a ler uma história. Ou seja, o homem não é nem esquartejado nem incensado, o autor não nos incomoda com as suas opiniões, os factos são postos na mesa bem atoalhada.
Ao leitor cabe escolher vitualhas mais ou menos apetitosas, voltar atrás como numa história - desculpa, repete lá isso outra vez - antecipar desenvolvimentos. A escrita é seca e vivíssima como a do Cardoso Pires; e não conheço melhor forma de lhe fazer justiça.