31.08.22
Demétrio Poliocertes ( o conquistador das cidades) da Macedónia pergunta ao derrotado Estilpo ( de Megara) o que perdeu. Estilpo tinha perdido, numa das inúmeras guerras megáricas, a casa, a mulher, a família e a pátria. Estilpo respondeu ao rei: Nada. Tudo o que é meu está comigo.
Desculpem o latim do título mas no original fica muito melhor. O que Estilpo faz é ensinar ao tirano um velho mandamento estóico: nunca perdemos o que não é nosso. Mais, a fortuna ( sorte, destino) do rei é que venceu a fortuna de Estilpo; traduzindo o título deste texto: a tua sorte venceu a minha sorte.
Dirão que é tudo muito bonito na teoria mas na prática não funciona. Depende com quem falam. Por exemplo com um sobrevivente do extermínio nazi ( perdeu tudo) que refaz a sua vida na América e vive até aos noventa anos. Ou com a senhora cuja história ja contei: perde dois filhos num acidente inacreditável ( um incêndio com uns cartuchos de caçadeira), perde o marido, lerpa com um cancro e aos setenta e tal ainda procura tratamento para se sentir com mais energia.
No quotidiano vulgar de Lineu a regra também se aplica. Quantas vezes nos enfurecemos ou desesperamos porque julgávamos nossas certas coisas ( um amor, um carro, um gato) que perdemos?